Portal Trétis – Tudo sobre o Athletico Paranaense

Nesta sexta-feira (10) o maior artilheiro da história do Athletico completa 75 anos de vida. Para homenagear essa data, nada mais justo que relembrar o primeiro título do bigode pelo Furacão, o Campeonato Paranaense de 1970. A história começa dois anos antes, em 1968, quando o icônico presidente atleticano Jofre Cabral e Silva fez sua grande revolução no clube contratando quatro jogadores que estiveram na conquista do bicampeonato mundial pela Seleção do Brasil.

 

Chegaram ao Athletico Djalma Santos, Dorval, Belini e Zequinha na esperança de elevar o patamar da equipe. O Furacão realmente se tornou um time muito forte, tendo terminado a primeira fase do campeonato empatado em número de pontos com o Coritiba. Mesmo sendo uma boa equipe, o Athletico acabou derrotado de maneira traumática pelo rival. Em duas partidas com muita emoção, o Athletico perdeu por 2 a 1, de virada, no primeiro jogo da decisão. Mesmo assim, a vitória parcial por 1 a 0 na segunda partida dava o título ao Rubro-negro, até os 45 minutos do segundo tempo. Nos acréscimos, Nilo, zagueiro coxa, fez um grande lançamento para Paulo Vecchio. O atacante ganhou da zaga atleticana e empatou a partida no apagar das luzes, dando o título para o Coritiba.

 

O ano de 1968 não foi doído somente dentro de campo. No dia 2 de junho uma tragédia deixaria o Athletico órfão de um dos seus maiores torcedores, Jofre Cabral e Silva. O presidente responsável por trazer os badalados jogadores de seleção brasileira morreria devido a um infarto fulminante assistindo um jogo do seu clube de coração, no Estádio Vitorino Gonçalves Dias, em Londrina. A morte de Jofre aconteceu três meses antes da final daquele campeonato, deixando a derrota para o Coritiba ainda mais amarga.

 

Naquele ano, o Furacão ainda conseguiria a vaga para disputar o 2º Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Campeonato Nacional da época. Visando fortalecer a equipe que jogaria a competição nacional, o Athletico conseguiu tirar do Coritiba um atacante bigodudo, que estava no Botafogo de Ribeirão Preto. Barcímio Sicupira contou, em entrevista ao Globoesporte.com, em 2014, que estava insatisfeito no clube paulista e desejava voltar para Curitiba, assim, foi oferecido ao Coritiba que não demonstrou o mesmo interesse de Airton Araújo, diretor do Athletico na época. Em uma conversa entre Sicupira e Airton o dirigente se empolgou, entrou em contato com o Botafogo de Ribeirão Preto e acertou os detalhes para, ele mesmo, comprar o passe do atacante e cedê-lo ao Athletico.

 

Durante a campanha do Robertão de 1968 o craque da 8 fez sua estreia no Dourival de Brito e Silva, em um empate por 1 a 1 contra o São Paulo. O tento atleticano foi marcado exatamente por Sicupira, de bicicleta, cartão de visitas que o credenciaria a grandes feitos com a camisa Rubro-negra. Após um campeonato ruim em 1969, onde o Athletico terminou a competição em quinto lugar e viu Belini pedurar as chuteiras em um Atletiba que terminou em 0 a 0, o Furacão não chegou nem perto de evitar o bicampeonato do Coritiba. Sicupira pouco pode fazer para segurar o potente time do Coxa, que acabou o campeonato com apenas duas derrotas.

Em 1970, o Coritiba já estava mais do que entalado na garganta atleticana. Não bastasse a incrível campanha de 69, o Campeonato de 68 ainda não tinha sido esquecido por jogadores e torcida. Aquele tento marcado por Paulo Vecchio aos 45 minutos do segundo tempo, que fez Jofre se revirar no túmulo, seria muito bem vingado pelo incrível campeonato feito pelo Rubro-negro em 70. Seguindo uma nova fórmula de disputa, o Campeonato Paranaense teve duas chaves (A e B), onde as equipe se enfrentavam entre si em dois turnos, classificando-se os três primeiros de cada chave para um hexagonal final.

 

O Athletico começou o campeonato jogando mal, perdendo as primeiras três partidas para União Bandeirante, Londrina e Seleto. A primeira vitória foi um 6 a 2 em cima do Cianorte, no dia 21 de fevereiro, jogando como mandante. A partir deste jogo o Furacão começou a tomar força, capitaneado por Sicupira, que terminou a competição com 20 gols e artilheiro do campeonato. O craque da 8 marcou 32% dos gols da equipe na competição, que acabou o torneio com 61 gols pró, o melhor ataque do torneio. O Athletico cresceu no segundo turno da primeira fase, mas a má campanha no primeiro turno fez com que a equipe terminasse a primeira fase em segundo lugar no grupo B, atrás do Grêmio Maringá. Contudo, no hexagonal final o Rubro-negro fez valer a alcunha de Furacão e perdeu apenas uma partida, quis o destino que a derrota fosse exatamente para o Coritiba, por 1 a 0, jogando no Joaquim Américo.

 

Mesmo tendo sido o melhor time do hexagonal, o Athletico não teve tranquilidade, visto que o Coritiba queria muito o tri campeonato. O campeonato terminou em uma brilhante exibição atleticana contra o Seleto, em Paranaguá, quando o Rubro-negro meteu 4 a 1 e se sagrou campeão estadual, dois pontos a frente do Coritiba. Mesmo perdendo dentro de campo, o Coxa ainda quis ir à Justiça para tentar tirar o título do Athletico, alegando que Nilson Borges (expulso no último Atletiba da fase de grupos) não poderia ter atuado na partida seguinte do Athletico, quando o Rubro-negro venceu o União Bandeirante por 2 a 1. Uma grande confusão envolvendo a súmula desse Atletiba se deu e, no fim das contas, o STJD declarou o Athletico como campeão legítimo de 1970.

 

Sicupira foi, sem dúvidas, o jogador mais fundamental na campanha que tirou o Furacão da incomoda fila de 11 anos e deu ao clube seu 11º título estadual. Esse foi também o único título conquistado pelo bigode jogando com a camisa do Furacão, fato que torna a conquista ainda mais especial, já que o clube só conquistaria outro Campeonato Paranaense em 1982. O elenco do título de 1970 era: Wanderlei, Djalma Santos, Zico, Alfredo, Julio Miltinho, Ferrinho, Toninho, Reinaldo, Dorval, Sicupira, Zexé, Nelsinho, Nilson Borges, Waldomiro, Benício, Zé Augusto, Amauri, Zé Leite, Liminha, Cláudio, Nair, Nayo, Darci, Moreira, Serginho, Juarez, Nilo, Gildo, Lourival e Charrão.

 

Essas informações estão contidas no livro “Futebol do Paraná: 100 anos de história”, de Heriberto Ivan Machado e Levi Mulford Chrestenzen