Portal Trétis – Tudo sobre o Athletico Paranaense

Ainda restam 11 partidas para que o melancólico 2020 do Athletico se encerre. Como será o final dessa história é assunto para outro texto. O que importa agora é usar o que aprendemos em 2020 sobre treinadores. Mas será que aprendemos mesmo?

 

O Athletico teve 3 treinadores em 2020. Um início de ano onde se destruiu uma ideia de jogo com a chegada de Dorival e nada mais. Zero herança. Dorival já teve seus bons momentos na carreira, mas por aqui chegou como 7° opção da diretoria que esbarra em algumas regras internas para escolher seus “misters”. Falaremos disso mais para frente. Com a saída de Dorival a diretoria do Athletico lançou mão da opção caseira: Eduardo Barros. O jovem treinador já tinha trabalhado com o grupo em 2019 e contava com a boa vontade da boleirada. Só esqueceram de colocar na balança a diferença entre trabalhar em 2019 com um time leve, encaixado e campeão e a árdua missão de comandar um time sem identidade de jogo, em crise no Brasileiro e disputando uma Libertadores. A probabilidade de colisão era grande e aconteceu. Com a eminente saída de Barros não se tinha mais margem de erro. A Libertadores já tinha sido rifada com time misto no Uruguai. No Brasileiro, de baixíssimo nível, nos igualávamos na tabela ao rival virtual rebaixado desde o acesso em Salvador em 2019. Recorrer a quem? Opção de segurança: Paulo Autuori.

 

Autuori voltou ao CAP com a missão de ser o homem forte do futebol do CAP e de estar a beira do gramado até Fevereiro de 2021. Enquanto trabalha e nos ajuda a respirar e até mesmo tentar um final de temporada digno, Paulo trabalha também na escolha do técnico da temporada 2021.

 

É aí que a complexidade da coisa aparece. A diretoria do CAP já discursou diversas vezes sobre o papel do treinador no clube apenas como “peça de uma engrenagem” e nada além disso. Discurso este, amplamente desmentido por Fernando Diniz, Tiago Nunes, Dorival Jr, Eduardo Barros e pelo próprio Autuori. São os últimos 5 treinadores do CAP que na linha sucessória trabalharam com mesmos grupos e obtiveram resultados totalmente diferentes provando que a tal peça da engrenagem é mais importante do que parece.

 

Para nos salvar do rebaixamento Autuori vem com toda sua carga de treinador com história, discursa bonito, é bem quisto e respeitado pela boleirada e transforma o campo de jogo em algo competitivo. Tem seu mérito na forma como joga. O time tem consistência defensiva, as linhas trabalham justas e aposta-se no contra ataque rápido. Algum mal nisso? Nenhum. Está sendo eficaz e está nos salvando de uma ridícula degola. Porém o estilo de jogo de Autuori em campo em nada tem a ver com o estilo de jogo que o Athletico discursa como institucional. Com Paulo não se consegue ser protagonista do jogo em qualquer mando, não se arremata muito para o gol e não se troca passes verticalmente.

 

A missão de Autuori para 2021 começa por aí: encontrar um treinador que se adeque ao “Jogo CAP”. Simples né? Seria simples se não tivéssemos ainda 2 fatores que precisam ser levados em conta. O treinador precisa ser moderno, mas ao mesmo tempo deve ter experiência o suficiente para lidar com um grupo de série A com alguns fortes cardeais e também com a diretoria do clube e todas as suas particularidades e excentricidades. Agora some-se a isso o fato de que esse profissional precisa não ser muito caro para não inviabilizar o negócio. O anuncio seria basicamente este: Procura-se treinador moderno, experiente e barato.

 

Se for só moderno podemos ter um Eduardo Barros 2021. Se for só experiente podemos ter um Dorival 2021. Se for só barato poderemos ter a repetição de uma lista imensa treinadores horrorosos. A missão da diretoria e de Autuori é bem complicada. Não se encontra um Tiago Nunes em toda esquina. Mais do que isso, a lição de que treinador é sim uma peça cara da engrenagem deveria estar no 1° slide bonito que o CAP apresenta para todo mundo. Se não tem treinador de verdade, não vai ter bom rendimento dentro de campo, voz para brigar por mais cota de TV, premiação, vaga em Libertadores e piazada valorizada. Não dar importância para treinador é acender uma fogueira e queimar dinheiro.

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