Portal Trétis – Tudo sobre o Athletico Paranaense

Mudanças… Essa palavra veio com força para a vida de todas as pessoas em 2020 e fez ainda mais sentido na vida de Guerino Angelo Mantovani, 63 anos, atleticano de Maringá, que venceu a COVID19 junto a sua família. “Não sabemos como contraímos a doença, pois eu e minha família vínhamos tomando todos os cuidados, mas, infelizmente, aconteceu”, conta. “Como estávamos em um processo de mudança, haviam obras para concluir, compras de móveis e utensílios para o novo apartamento… Aí veio a pandemia e tudo parou. Quando houve a flexibilização, terminamos as compras e mudamos”, explica.

 

 

Guerino comenta que são em cinco pessoas (ele, a esposa Maria Regina e os filhos Ana Paula, Priscila e Alessandro) em casa e todos foram infectados pela COVID19, mas todos com situações diferentes. “Dois filhos foram assintomáticos. Minha esposa e uma filha tiveram sintomas leves e foram medicadas em casa. Todos cumpriram o isolamento e o tratamento sem maiores problemas. Graças a Deus todos estão bem”, salienta e acrescenta: “Depois que o vírus atingiu um na família, rapidamente todos fomos infectados. Por mais que se saiba, o compartimento de objetos e até mesmo de alimentos acabam acontecendo na família”, comenta.

 

Foi nele ele que o vírus se manifestou com mais sintomas. “Entramos no apartamento dia 11 de junho. Na sexta, já tive o primeiro sintoma, que foi a febre, que se repetiu no sábado e agravou no domingo. Na madrugada do dia 15 já fui interno no hospital e isso mexeu muito comigo… Nunca imaginei passar pelo que passei. Ao tomar conhecimento da gravidade, por ser grupo de risco e pelo fato do inimigo ter chegado aos pulmões, fiquei preocupado”, conta. Guerino passou alguns dias no hospital, mas, graças a Deus, não precisou ir à UTI. “Mesmo com o impacto da doença e de toda situação, consegui me manter com respiração natural e isso foi determinante na minha recuperação. Essa foi a maior prova que tudo que temos é o agora. Fora isso, o tempo é de Deus e só Ele tem a resposta”, revela.

 

Diante de cenário inimaginável, do risco, de consequências, Guerino salienta que recorreu a Deus e clamou por misericórdia e cura. Comenta que chorou muito, rezou com fervor e desespero e, como sempre, Deus não o abandonou e colocou em seu caminho “Anjos e Anjas”, os profissionais da saúde, liderados pela Dra. Karina Almeida Slemer de Vasconcelos, que o tomaram pelas mãos e não o deixaram cair. “Hoje louvo ao Senhor e dou Graças a Deus pela minha cura! Também minha eterna gratidão pela Dra. Karina e aos profissionais da saúde, Anjos Anjas que Ele colocou aos meus cuidados.” A situação fez com que Guerino queira sempre ser melhor do que é. “Quero continuar a melhorar, ser uma pessoa solidária, estar com minha família e jamais esquecer de agradecer a Deus por tantas bênçãos que recebi! Rezo pelas pessoas que sofrem com esse inimigo e também pelos profissionais da saúde que se dedicam dia e noite para salvar vidas colocando suas próprias vidas em risco”, salienta.

 

Mas os sonhos não param por aí… “Na vida, sonhamos com tantas coisas… sejam elas pessoais ou profissionais e, às vezes, não nos damos conta de que a vida é o agora, porque o depois pode não mais existir! Então, passar pelo que passei, torna isso muito evidente e assustador”, comenta e acrescenta: “Nesse processo de mudança de apartamento, conversando com meu filho, disse a ele que eu fiz várias mudanças, mas que agora essa seria definitiva. Mas, depois falei: ‘a não ser que surja uma oportunidade de morar perto da Arena da Baixada e poder ver os jogos do Athletico mais frequentemente’”, conta.

 

TEMPO NO HOSPITAL

 

O Athletico estava presente em sua recuperação no hospital. Foi durante esse tempo que postou no Twitter um vídeo mostrando sua recuperação pulmonar, ensaiando o grito de gol do Furacão (veja acima). “Enquanto me dedicava na recuperação pulmonar e minha voz mal saia da boca, eu disse que estava treinando para gritar gol do Furacão! Era uma maneira de me estimular, pois, em dia jogos do Athletico, eu, meu filho e minha filha costumamos gritar, vibrar, às vezes xingar – quando entendemos que estamos sendo prejudicados, ou o narrador/comentarista fala algo que desagrada… Enfim, torcedor é torcedor e o Athletico é algo muito positivo na minha vida”, comenta. “Gosto muito aqui de Maringá, é uma cidade maravilhosa para se morar, mas confesso que estar longe da Arena e longe dos jogos do Athletico me faz invejar os torcedores que podem estar presentes em todos os jogos”, afirma. “Sempre assino TV paga, compro o Premiere para não perder jogos do rubro-negro, mas com a mudança para a TNT, nós ficamos prejudicados, pois os jogos na Arena não são transmitidos para o nosso Estado, mesmo aqui, a mais de 450 quilômetros de Curitiba. Costumo apoiar tudo que o nosso Presidente faz em favor do time, mas confesso que essa mudança, para quem está no interior, foi cruel”, salienta.

 

HISTÓRIA DE AMOR COM O ATHLETICO

O amor pelo Athletico começou de uma forma inusitada. Natural de Rolândia, no norte do Paraná, a região era cheia de imigrantes e emigrantes, principalmente paulistas. Com isso, de Cambará até Nova Londrina, a influência de São Paulo é inegável, tanto na agricultura, gosto musical e, principalmente, no futebol. Por gerações, todos torcem para clubes do estado vizinho. “Comigo não foi diferente. Sou nascido no meio rural, meu pai foi desbravador nessa região, tendo chegado no final dos anos 30. Como ele torcia para o Palmeiras, esse foi também minha primeira paixão”, conta. Como toda criança, sonhava dia e noite com o futebol, tanto para torcer quanto para praticar. Assim seguiu sua vida até o ano de 1971.

 

 

“Na TV Tibagi de Apucarana, o radialista Fiori Luiz tinha um programa de esporte que se chamava ‘O onze em campo’ – ou algo próximo disso. Todos os dias, em me apressava para chegar em casa nesse horário para saber das notícias de esporte, que eram raras na época”, conta e continua: “Eis que, em um desses programas, o Fiori anunciou, de forma quase definitiva, que um grande e tradicional clube do futebol paranaense estava prestes a fechar as portas por estar falido em dívidas. Meu coração acelerou e eu senti um frio no peito, barriga, aquele sentimento de quando nos apaixonamos pela namorada”, lembra. Foi nesse momento que ele disse a si mesmo: ‘esse time jamais irá acabar e de hoje em diante será meu time no Paraná’. “O Fiori mostrou imagens de alguns jogadores batendo bola no Joaquim Américo – Júlio, Lori, Nilson e outros. E assim segui a minha escolha. Como o Athletico dificilmente jogava competições nacionais, eu o acompanhava pela Rádio Clube Paranaense (B2) com Lombardi Júnior e torcia para “aquele de São Paulo” nas outras competições”, comenta.

 

Guerino relembra que o seu primeiro Athletico foi com Picasso, Cláudio Deodato, Di, Alfredo e Júlio – Lori e Sérgio Lopes – Buião, Sicupira, Paulo Roberto e Nilson, aquele do Paranaense de 1972. “Confesso que torcer para o Athletico nessa época era difícil. O Coritiba tinha um bom time, Evangelino Neves e ganhava tudo em nosso estado”, conta. “Mas, em 1982 e 1983, tivemos alegrias com um timaço que dava gosto torcer. Bicampeão Paranaense e um terceiro lugar no Brasileirão, depois de eliminar o São Paulo em pleno Morumbi e, depois de sermos garfado no Maracanã (o terceiro gol do Flamengo foi através de um pênalti mandraque), minha opinião. Mas vencemos o grande time carioca no Couto Pereira por 2×0, com quebra de recorde de público no nosso estado, que dura até hoje”, comemora e acrescenta: “Isso foi marcante. Como marcante foram nossas conquistas – Torneio Seletivo em 99 (nossa primeira classificação para a Liberta), Brasileirão de 2001, nosso quase Bi em 2004, nossa Sul-Americana em 2018 e a espetacular Copa do Brasil de 2019. E, claro, não pode faltar minha maior revolta: o golpe que levamos em 2005.”

 

Além de tudo isso, de acordo com ele, dois fatos relacionados ao rubro-negro o deixam feliz. O primeiro foi o histórico Athletiba de Páscoa, em 1995. “Depois do sapeca que levamos do Coxa, vi pela TV – assinava TV a cabo pra assistir o Mesa Redonda de Curitiba para ter notícias do clube – o momento que Mário Celso Petraglia disse que ele e sua equipe assumiriam o CAP e o transformariam em um dos maiores clubes do Brasil e que a torcida do Athletico não merecia aquela situação. Falou o que eu mais esperava: ter um time para enfrentar os famigerados grandes do futebol brasileiro”, lembra.

 

 

O segundo, como as coisas boas aconteciam no Athletico, já não era mais preciso torcer para dois times. Como não sabia sair da ‘enrascada’ de torcer para dois times, sempre incentivou seus filhos a torcerem também para os dois clubes e não sabia como fazer para não decepcioná-los. “Meu caçula, o Alessandro, depois do Athletico perder a semifinal da Copa do Brasil de 1998 para o Botafogo (nos pênaltis), foi zoado pelos primos e se revoltou! Me chamou e disse: ‘Pai, eu não vou torcer para dois times. Vou torcer somente para um!’… Meu coração esfriou e acelerou, pensei: ‘meu Deus e agora?’. Confesso que temi pela escolha. Então fiz a pergunta: ‘Pra quem, filho, você vai torcer?’ e ele disse: ‘Pai, vou torcer somente para o Athletico!’. Nossa! Que alívio! Ele estava com 8 pra 9 anos e desde então não existiu mais dois times. Somos, com muito orgulho, torcedores do Athletico Paranaense”. “Somos em cinco em casa: três atleticanos ferrenhos (eu e meus filhos, Alessandro e Priscila); minha esposa é Athletico do jeito dela… fica contente, mas não acompanha. E a Ana Paula ficou com o Palmeiras. Democracia… Como tive culpa, aceitei”, ressalta.

 

MENSAGEM FINAL

“Com relação à COVID19, o que posso dizer é: devemos nos cuidar o tempo todo para nosso bem e de todos aqueles com os quais nos socializamos! O inimigo existe, é traiçoeiro, mas que se percebido nos primeiros sintomas (tosse seca, dificuldade para urinar, cansaço, dor no corpo e principalmente febre) o tratamento e cura fica bem mais fáceis”, salienta e conclui: “Grupo de risco requer mais cuidados! A grande maioria das pessoas vão passar pelo problema (caso pegue o vírus) sem maiores dificuldades, mas o inimigo é cruel e perigoso para os mais idosos e aqueles que sofrem com comorbidades. Muitas famílias perderam entes queridos com esse inimigo e isso é muito triste.”

 

“Com relação ao Athletico, confesso que tenho orgulho em ser paranaense e ser torcedor do legítimo Club Athletico Paranaense. Saber que o meu time tem a maior e melhor estrutura de treinamentos do país, que tem a Arena mais moderna e única coberta com teto retrátil da América do Sul… Lamento que ainda não temos a quantidade de sócios torcedores que o clube merece. Um pouco por falta de diálogo da diretoria com os torcedores, um pouco pela má vontade e ingratidão de parte dos torcedores que preferem criticar do que contribuir. Fato que ninguém está totalmente certo, nem totalmente errado, mas falta bom senso para se chegar no modelo de negócio (futebol a muito tempo não é mais uma questão somente de paixão e sim, indústria do entretenimento com custos elevadíssimos e requer muito mais do que simplesmente torcer para o Clube do coração) e o entendimento é o melhor caminho”, afirma e acrescenta: “Temos uma geração que começou a torcer pelo Furacão a partir da Arena da Baixada e não viveu os tempos de dificuldades em que Coritiba e Paraná Clube dominavam o cenário do nosso futebol. Se somos o que somos hoje é porque, em um domingo de Páscoa, levamos um sacode de 5×1 dos coxas e esse fato nos deu Petraglia e sua equipe… O resto não preciso falar: é só rever página por página da nossa história nos últimos 25 anos. Está tudo ali, Tim Tim por Tim Tim.”